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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Windows Phone traz inovação e empolga, mas ainda não é um sistema maduro

27/10/2011 – 11h48 - DAVID POGUE || Do New York Times

Você ouviu a novidade? Um novo modelo de um certo smartphone preto, retangular e com touch-screen acaba de ser lançado. O seu novo software contém, segundo a companhia, centenas de novos recursos. O aperfeiçoamento mais impressionante é o reconhecimento de fala: você pode falar neste novo telefone celular para telefonar ou enviar um torpedo para alguém, ou para obter instruções para dirigir até determinado lugar.


É claro que eu estou me referindo ao Windows Phone 7.5 da Microsoft!

Sim, a Microsoft está tentando com atraso alcançar os aparelhos iPhone e Android com o seu próprio software de telefonia celular. Ele está disponível em diversos telefones celulares Samsung e HTC, com preços que variam de US$ 50 a US$ 200, com contratos de dois anos; todas as grandes operadoras norte-americanas de telefonia celular oferecem pelo menos um desses aparelhos (o software Windows Phone 7.5, apelidado de Mango, está também disponível como atualização gratuita para telefones celulares Windows Phone 7 mais antigos).

Veja essa imagens no link http://tecnologia.uol.com.br/nyt/ultimas-noticias/2011/10/27/o-windows-phone-esta-de-volta-cheio-de-otimos-truques.jhtm

O Windows Phone 7.5 é maravilhoso, clássico, satisfatório, veloz e coerente. O design é inteligente, simples e enxuto. Ninguém poderia imaginar, nem mesmo em um período de um milhão de anos, que ele teria sido feito pela mesma companhia que cozinhou aquele espaguete volumoso que é o Windows e o Office.

O mais impressionante é que o Windows Phone não é nenhuma imitação barata. A Microsoft criou metáforas totalmente novas que geralmente estão distantes do design iPhone/Android (ícones espaçados por grids que podem ser acessados nas páginas Home).

A página inicial (Home) apresenta duas colunas de ícones coloridos. Cada um deles representa algo que você colocou lá para melhorar o acesso a determinado recurso: um aplicativo, um nome para discagem rápida, uma lista de músicas ou um arquivo de e-mails.

Mais do que nunca, o texto contido neles transmite informação instantânea, poupando ao consumidor o esforço de abri-los. Vários ícones nos dizem quantas mensagens de voz, mensagens de e-mail e atualizações de aplicativos estão aguardando. O ícone de música exibe arte de capas de álbuns, o do calendário mostra o seu próximo compromisso ou reunião. Um ícone relativo à sua irmã poderia mostrar as últimas atualizações dela no Twitter e no Facebook.

No início, há um ano, o Windows Phone parecia incompleto. Não havia o recurso Copiar e Colar (Copy and Paste). E tampouco uma maneira de acrescentar novos toques de telefone. Nada em termos de multitasking. O aparelho não tinha caixa visual de mensagens de voz. Ele não trazia nenhuma opção de tethering (que permite que você utilize o telefone celular como uma antena de Internet). Não havia caixa única de entrada de e-mail para múltiplas contas. Não se podia agrupar mensagens por assuntos. Nem fazer integração de Twitter. O usuário não tinha como ver múltiplas categorias ao mesmo tempo no calendário.

Com o Mango, a Microsoft resolveu todos esses problemas.

A maioria desses recursos traz a sofisticação e a excelência da nova Microsoft, mas existem algumas exceções. Por exemplo, o usuário só contará com tethering e caixa visual de mensagens de voz se a companhia de telefonia celular oferecer esses recursos; até o momento, nos Estados Unidos, apenas a T-Mobile oferece esse último.
 

Um outro exemplo: o usuário acessa um comutador multitasking ao manter pressionado o botão “Back” do telefone celular. Mas esse “multitasking” é do mesmo tipo encontrado no iPhone: quando o usuário troca de aplicativo, ele não continua funcionando de forma oculta e consumindo bateria (existem as exceções usuais: por exemplo, a música continua tocando e o sistema de navegação GPS continua operando).

Em vez disso, o aplicativo do qual você sai fica em um estado de animação suspensa. A ideia é que o aplicativo volte a funcionar instantaneamente quando você retornar a ele. Infelizmente, os aplicativos do Windows Phone precisam ser reescritos para esse recurso multitasking; até lá, ele pode demorar vários segundos para voltar a funcionar.

Além disso, não há como criar arquivos para organizar os seus aplicativos. Não há nenhuma maneira de enviar vídeos a outros telefones celulares como mensagens MMS. Ainda não existe nenhum aplicativo para bate papos usando a câmera de vídeo embutida. E, da mesma forma que ocorre no iPhone, o usuário não tem como assistir a vídeos em Flash na Web.

Mas a coluna de deficiências ainda é muito mais curta do que a de pontos positivos.

O aplicativo de busca Bing oferece agora busca visual e de áudio. Ou seja, você pode segurar o telefone de forma que ele capte qualquer música que esteja sendo tocada em qualquer lugar; em cerca de três segundos, ele identifica a música e lhe oferece a oportunidade de adquiri-la na Internet. É como o Shazam no iPhone ou no Android, com a diferença que ele já vem no aparelho.

A busca visual é bastante semelhante ao aplicativo Google Goggles para iPhone ou Android: você pode apontar a câmera do telefone celular para um código de barras, para a capa de um livro ou de um DVD, e o aparelho o identifica pelo nome do produto e a companhia que o fabricou.

O usuário pode até mesmo apontar a câmera para qualquer texto impresso, e maravilhar-se com a forma como o aplicativo Bing o traduz para texto digitado, pronto para ser colado em uma mensagem de e-mail ou documento de Word. Há até mesmo um botão Translate (traduzir) se você desejar que o texto escaneado seja traduzido de forma meio imprecisa para um outro idioma. Isso é simplesmente fantástico. Como é que as pessoas não estão comemorando nas ruas?

Além disso há o recurso que possibilita instruções vocais. Quando você mantém pressionado o botão com a logomarca Windows, um assistente virtual de voz é ativado, como no Siri do iPhone 4S.

Bom, ele não é exatamente como o Siri. O reconhecimento de voz está longe de ser tão bom ou tão abrangente. Você não poderá de fato ditar algo que, caso contrário, teria que digitar, como é possível fazer no Android e no iPhone. A única coisa que você pode fazer é ditar mensagens de texto, termos para busca e mensagens de e-mail. E a Microsoft não faz nenhuma tentativa de dar uma personalidade ao telefone celular, ao contrário da Apple.
 

O HTC Ultimate é o primeiro smartphone com Windows Phone 7 ' Mango' vendido no Brasil

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Mas ele é ótimo quando se trata de compreender os Quatro Grandes comandos: Call (telefonar), Text (texto), Find (encontrar na Web) e Open (abrir um aplicativo). “Call Mom” (“Telefone para mamãe”), “Text Casey Robin” (“Envie um torpedo para Casey Robin”), “Find coffee shops” (“Encontre lojas de café”) e “Open Angry Birds” (“Abra o Angry Birds”), por exemplo, são todos confiáveis e importantes (no iPhone, não é possível abrir aplicativos com comandos vocais).

No Windows Phone 7.5, você pode agora colocar membros do seu círculo social em grupos, o que faz com que seja muito fácil comunicar-se com eles, segui-los ou ver as fotos deles.

Na sua agenda de endereços, o cartão de cada pessoa mostra um histórico completo das suas conversas, não importando como elas ocorreram: via mensagens de texto, bate-papo no Facebook, e-mail ou qualquer outro meio. De fato, se você der início a um bate-papo no Facebook com alguém que precisa sair, é possível continuar o bate-papo por meio de mensagens de texto; o telefone celular faz uma transição tranquila entre esses canais de conversa.

O Twitter e o LinkedIn também já vêm no aparelho, embora não haja como enviar ou receber mensagens privadas por Twitter (conhecidas como mensagens diretas).

O Mango ainda oferece tudo que o Windows Phone já oferecia: um excelente teclado de tela com ótimas autossugestões. Integração com a sua conta Xbox. Serviço de música do Zune da Microsoft (US$ 15 por mês por todas as músicas que você desejar ouvir). Uma aplicativo de GPS que agora instrui o usuário vocalmente a seguir um determinado trajeto, a cada esquina.

Agora, se este telefone celular tivesse sido lançado antes do iPhone, as pessoas teriam ficado loucas.

Mas o atraso de três anos da Microsoft em relação aos seus rivais será difícil de superar.

O Windows Phone é considerado um concorrente meio esquisito. Ao contrário do que ocorre com o iPhone, não existe para o Windows Phone um universo dinâmico de relógios despertadores, carregadores, acessórios e carros adaptados a esses telefones celulares.

Da mesma forma, a loja de aplicativos do Windows Phone conta com 30 mil aplicativos, o que é uma façanha – mas o Android oferece dez vezes mais, e a loja do iPhone 16 vezes mais.

A Microsoft diz que o importante é qualidade, e não quantidade, e que todos os aplicativos de fato importantes são oferecidos. Infelizmente, há uma longa lista de coisas que ainda não estão disponíveis: Pandora Radio, Dragon Dictation, Line2, Flight Track Pro, Ocarina, Instagram, Hipstamatic. É importante observar, também, que a birra infantil da Microsoft com o Google se manifesta de várias maneiras frustrantes: não é possível exportar os seus vídeos para o YouTube nem fazer pesquisas com o Google.

Em outras palavras, a Microsoft pode se deparar com um paradoxo, por mais fantástico que seja o trabalho dela: o Windows Phone não é popular porque ele não é popular.

A Microsoft já viu esse filme antes. Vocês se lembram do Zune, que a Microsoft tirou da UTI neste mês? No fim das contas, ele é um ótimo reprodutor de música, capaz e refinado – mas ninguém o comprou. Por que alguém compraria esse dispositivo desconhecido, quando o iPod oferece segurança no que se refere aos números?

Só espero que a história do Windows Phone não se desenrole da mesma forma. O trabalho da Microsoft merece atenção, elogios e vendas. Talvez ele não esteja tão maduro quanto o iPhone ou o Android. Mas o mundo se tornou um local mais interessante com a chegada do Windows Phone.
Tradução: UOL

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